sábado, 27 de novembro de 2010

Futuro

27/11/2010

    Esses tempos atrás comecei a pegar algumas redações pra corrigir. De certo modo tenho aprendido muito, pois apesar de cansativo, é um ótimo meio de aguçar minha criticidade e fortificar minha visão sobre gêneros textuais. O problema é que corrigindo redações fiz uma triste constatação: esta nova geração está sendo formada de não-leitores.
    Pode parecer precipitado fazer uma colocação tão grandiosa me baseando somente em alguns bandos de alunos, mas o problema é que não deixa de ser verdade. São redações de ensino fundamental, em que os alunos se apresentam além de péssimos articulistas, pessoas nada críticas e sem nenhum poder de reflexão.
    Não sei se porque tenho aspirações de dar aulas, ou porque este é realmente um problema preocupante, mas fiquei imensamente triste andando pelas linhas de todos aqueles textos mal caligrafados. É fácil perceber que o problema é dado pela falta de leitura. Jovens formados por aparelhos eletrônicos, que pouca importância dão a outras fontes de conhecimento e cada vez mais estão ariscos a leitura.
    Conversei com alguns amigos de faculdade sobre o fato, muitos dos quis já dão aulas e/ou corrigem redações, e eles me afirmaram o quanto ficam estatelados com a quantidade de textos vazios, em que a falta de reflexão é o maior problema. Eis o perfil do aluno de ensino médio que tiramos daquela roda de conversa: alunos com a visão crítica pouco aguçada, que não são capazes de fazer um texto simples, com o mínimo de visão de mundo. Pássaros enjaulados que julgam ser detentores de todo o conhecimento do mundo.
    Enfim, como estudante de Letras e como habitante dessa sociedade já previamente condenada, deixo minha crítica e súplica a esta nova parcela da sociedade, que já de antemão vem sendo moldada pela alienação. Que minha constatação seja infundada, e que o futuro não esteja reservando a nós outra remessa de seres vazios, facilmente moldados e engaiolados.

Laura Bittencourt

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