quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ilha

03/02/12

    O tempo passou e de repente me lembrei do meu velho blog, há quase um ano não visitado. Talvez seja uma superação, levando em conta que faço o uso desta ferramenta como um psicólogo barato.
    É engraçado (e ligeiramente deprimente) ler meus antigos textos depois de tantas e tão poucas mudanças. A vida tem girado, e em torno dela as dúvidas que desde sempre me atormentam. Quando foi que me tornei uma pessoa tão solitária em meio há tanta gente?
    Compartilho sorrisos com uma multidão, mas me vejo a cada dia imensamente cercada de mim, como uma ilha. A convivência social se torna a cada dia uma tarefa mais árdua; me afasto quase imperceptivelmente, dando constantes passos para o lado.

    Ainda me pergunto se sou uma boa atriz ou se são os outros péssimos leitores.

sábado, 16 de abril de 2011

Auto Flagelo

17/04 - 00:55

    Cá estou eu novamente. É imensamente vergonhoso perceber que só volto para meus textos quando estou prestes a desabar, talvez a tristeza seja minha maior fonte de inspiração... Tudo o que sei é que tem sido períodos difíceis, tudo novo, e nada disso me parece bom. Um semestre atrás eu fazia faculdade, corrigia redações e ficava com meu namorado boa parte de meus dias. Agora trabalho o dia todo (not a great deal), e fico a maior parte do tempo estressada; ainda faço faculdade e ainda namoro, mas nenhuma das duas coisas tem estado no meu domínio como a meio ano atrás.
    É difícil perceber como as coisas podem ser tornar complicadas; a falta de tempo para controlar as coisas que julgo importantes me esmaga em meio a tudo. Eu, cronicamente agoniada e cada vez mais viciada em roer as unhas, tenho estado à beira de um colapso todos os dias. O sofrimento de não ter nenhuma possibilidade imediata de mudar, me fez concordar com o pensamente de uma amiga, de que somos mais fortes do que pensamos. Afinal, se depois de toda esta agonia sem fim eu não morrer, me julgo imortal; se não for o sofrimento que trás a falta de tempo, o causador de minha morte, saberei que sou mais forte e elevada do que jamais pensei que fosse.
    Dramas à parte, tenho percebido que a paciência é a virtude que mais tem me faltado. Vou seguindo à espera que agora novamente, alguma mudança seja dada em mim. Só de uma coisa tenho certeza, depois de todo o estresse dos últimos tempos, quando esta fase acabar vou sair uma pessoa iluminada. Talvez eu saia cantando mantras e odiando menos pessoas que não se questionam. Ou talvez eu só pare de escrever somente coisas furiosas com um lado otimista no fundo. Enfim, em quando não há nada a fazer, vamos seguindo confiando na possibilidade de que um dia, tudo irá melhorar.

 
(Salvador Dali)

Post Scriptum:. Termino com um poema que talvez resuma minha dor e salvação



FALTA DE TEMPO

Existe um único antídoto para a falta de tempo. Um único.
Estar apaixonado.
Esquecer de si para inventar o desejo.
O desejo transforma-se no próprio tempo.
Tudo é adiado.

Fabrício Carpinejar

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Fatalidade:

17/01/2011
   
Mudar e deixar pra trás e normal.
Estou me acostumando a me acostumar com isso...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

auto-avaliação

08/01/2011

    É madrugada e estou à espera do fim do download de mais um episódio de um seriado qualquer. A falta do que fazer me leva a pensar. Tenho tido inúmeros momentos de ócio, aos quais louvo imensamente, procurando observar sempre a magnitude de não fazer nada. O grande problema é que a arte do fazer nada acaba despertando várias questões que os dias corriqueiros deixam a mercê. A cada ideia nova vem à vontade de escrever, e até mesmo começo, mas a maioria de meus textos (como também de meus pensamentos) permanece inacabados. Cheguei à conclusão de que ainda nem ao mesmo me conheço, e acho que este é um texto que merece minha total reflexão. Sinto que as maiorias das pessoas ao meu redor estão vazias de sentimentos louváveis, de belas ambições. Sinto-me sozinha, ao meu redor assisto a vida de inúmeras pessoas passarem, e não sinto vontade de acompanhá-las. É triste e doentia minha reclusão a mim mesma, não é saudável, admirável nem ao mesmo compreensível, mas estou procurando tirar proveito para me fazer algo melhor.
    Hoje me sinto aliviada, talvez sem motivos. Sinto-me em paz, mesmo encarando que nem ao mesmo conheço a fundo meus pensamentos, que em todos esses anos de críticas a outros, eu não sei nem ao mesmo me avaliar, e isto beira ao cômico. A cada conversa que tenho comigo mesma me perco e me acho, nas mesmas proporções. Tenho colocado em dúvida toda a fragilidade da minha vida, todas as coisas “sólidas” que tenho. É assustador pensar que às vezes nos deixamos ir, e como se fossemos máquinas, conectadas no modo automático, continuamos a tomar decisões e seguir em nossas vidas sem ao menos avaliarmos as proporções que cada ato tem.
    Torturo-me cada dia mais a procura de respostas, mais estes dias me alertaram que talvez eu não esteja fazendo as perguntas certas, e é nisso que tenho pensado. Meus defeitos estão mais do que nunca a minha superfície, e é difícil lidar com todo o caos que é se admitir a si mesmo. Eu como executora, estou tendo agora me colocar a serviço de meu tribunal. É linda a possibilidade que tenho tido, de me conhecer e me auto-avaliar, estou tentando tirar desta experiência assustadora todas as reflexões que me façam diferente do que tenho sido.
    Vejo pessoas a todo instante reclamando da insignificância de seus próprios mundos, e me vejo em muitas delas. O que espero que se torne meu diferencial é a vontade que tenho de sair da pequenez que sou eu. Quero me conhecer, julgar menos o outro e mais a mim. Estou repleta de defeitos aos quais tenho consciência, e realmente espero que este ano aproveitando todas as mensagens de renovação, eu possa me reavaliar, para abandonar ao menos parte do meu egoísmo, e me dar mais, não só aos outros, mas a mim mesma. Estou mais do que nunca aberta a preencher as lacunas do meu eu, e é isso que tem me motivado a seguir.

Laura Bittencourt


magritte

07/01/2011




O corpo e o espírito, interligados.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Banksy

19/12/2010


So let's steal :D

sábado, 27 de novembro de 2010

Futuro

27/11/2010

    Esses tempos atrás comecei a pegar algumas redações pra corrigir. De certo modo tenho aprendido muito, pois apesar de cansativo, é um ótimo meio de aguçar minha criticidade e fortificar minha visão sobre gêneros textuais. O problema é que corrigindo redações fiz uma triste constatação: esta nova geração está sendo formada de não-leitores.
    Pode parecer precipitado fazer uma colocação tão grandiosa me baseando somente em alguns bandos de alunos, mas o problema é que não deixa de ser verdade. São redações de ensino fundamental, em que os alunos se apresentam além de péssimos articulistas, pessoas nada críticas e sem nenhum poder de reflexão.
    Não sei se porque tenho aspirações de dar aulas, ou porque este é realmente um problema preocupante, mas fiquei imensamente triste andando pelas linhas de todos aqueles textos mal caligrafados. É fácil perceber que o problema é dado pela falta de leitura. Jovens formados por aparelhos eletrônicos, que pouca importância dão a outras fontes de conhecimento e cada vez mais estão ariscos a leitura.
    Conversei com alguns amigos de faculdade sobre o fato, muitos dos quis já dão aulas e/ou corrigem redações, e eles me afirmaram o quanto ficam estatelados com a quantidade de textos vazios, em que a falta de reflexão é o maior problema. Eis o perfil do aluno de ensino médio que tiramos daquela roda de conversa: alunos com a visão crítica pouco aguçada, que não são capazes de fazer um texto simples, com o mínimo de visão de mundo. Pássaros enjaulados que julgam ser detentores de todo o conhecimento do mundo.
    Enfim, como estudante de Letras e como habitante dessa sociedade já previamente condenada, deixo minha crítica e súplica a esta nova parcela da sociedade, que já de antemão vem sendo moldada pela alienação. Que minha constatação seja infundada, e que o futuro não esteja reservando a nós outra remessa de seres vazios, facilmente moldados e engaiolados.

Laura Bittencourt