sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

auto-avaliação

08/01/2011

    É madrugada e estou à espera do fim do download de mais um episódio de um seriado qualquer. A falta do que fazer me leva a pensar. Tenho tido inúmeros momentos de ócio, aos quais louvo imensamente, procurando observar sempre a magnitude de não fazer nada. O grande problema é que a arte do fazer nada acaba despertando várias questões que os dias corriqueiros deixam a mercê. A cada ideia nova vem à vontade de escrever, e até mesmo começo, mas a maioria de meus textos (como também de meus pensamentos) permanece inacabados. Cheguei à conclusão de que ainda nem ao mesmo me conheço, e acho que este é um texto que merece minha total reflexão. Sinto que as maiorias das pessoas ao meu redor estão vazias de sentimentos louváveis, de belas ambições. Sinto-me sozinha, ao meu redor assisto a vida de inúmeras pessoas passarem, e não sinto vontade de acompanhá-las. É triste e doentia minha reclusão a mim mesma, não é saudável, admirável nem ao mesmo compreensível, mas estou procurando tirar proveito para me fazer algo melhor.
    Hoje me sinto aliviada, talvez sem motivos. Sinto-me em paz, mesmo encarando que nem ao mesmo conheço a fundo meus pensamentos, que em todos esses anos de críticas a outros, eu não sei nem ao mesmo me avaliar, e isto beira ao cômico. A cada conversa que tenho comigo mesma me perco e me acho, nas mesmas proporções. Tenho colocado em dúvida toda a fragilidade da minha vida, todas as coisas “sólidas” que tenho. É assustador pensar que às vezes nos deixamos ir, e como se fossemos máquinas, conectadas no modo automático, continuamos a tomar decisões e seguir em nossas vidas sem ao menos avaliarmos as proporções que cada ato tem.
    Torturo-me cada dia mais a procura de respostas, mais estes dias me alertaram que talvez eu não esteja fazendo as perguntas certas, e é nisso que tenho pensado. Meus defeitos estão mais do que nunca a minha superfície, e é difícil lidar com todo o caos que é se admitir a si mesmo. Eu como executora, estou tendo agora me colocar a serviço de meu tribunal. É linda a possibilidade que tenho tido, de me conhecer e me auto-avaliar, estou tentando tirar desta experiência assustadora todas as reflexões que me façam diferente do que tenho sido.
    Vejo pessoas a todo instante reclamando da insignificância de seus próprios mundos, e me vejo em muitas delas. O que espero que se torne meu diferencial é a vontade que tenho de sair da pequenez que sou eu. Quero me conhecer, julgar menos o outro e mais a mim. Estou repleta de defeitos aos quais tenho consciência, e realmente espero que este ano aproveitando todas as mensagens de renovação, eu possa me reavaliar, para abandonar ao menos parte do meu egoísmo, e me dar mais, não só aos outros, mas a mim mesma. Estou mais do que nunca aberta a preencher as lacunas do meu eu, e é isso que tem me motivado a seguir.

Laura Bittencourt


Um comentário:

  1. Amei o texto amiguinha.
    "É assustador pensar que às vezes nos deixamos ir, e como se fossemos máquinas, conectadas no modo automático, continuamos a tomar decisões e seguir em nossas vidas sem ao menos avaliarmos as proporções que cada ato tem.
    Torturo-me cada dia mais a procura de respostas, mais estes dias me alertaram que talvez eu não esteja fazendo as perguntas certas, e é nisso que tenho pensado."

    Você escreve maravilhosamente bem.

    ResponderExcluir